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Flight Risk (crítica) | Voo de segunda classe

Flight Risk crítica
Crédito da imagem: Lionsgate

Hollywood já nos brindou com uma vasta seleção de filmes de ação passados a bordo dos mais inesperados veículos. Quem não se lembra de Under Siege, onde Steven Seagal protagonizou intensas sequências de combate, primeiro num navio de guerra e depois num comboio em movimento? Ou de Speed, com Keanu Reeves, em que a tensão era palpável dentro de um autocarro que não podia abrandar, sob pena de explodir?

Flight Risk - Voo de Alto Risco, realizado por Mel Gibson, é também um filme que se passa quase na totalidade a bordo de um veículo. Neste caso, é uma pequena avioneta que transporta uma importante testemunha para garantir uma condenação em tribunal contra um mafioso de Nova Iorque.

Talvez conheças Mel Gibson pelo seu trabalho como ator em inúmeros filmes de ação, comédia ou romance, mas ao longo dos anos tem vindo a cimentar a sua reputação também como realizador — e com sucesso. O seu talento ficou bem evidente em Braveheart, A Paixão de Cristo, Apocalypto e Hacksaw Ridge, todos aclamados tanto pelo público como pela crítica. Por isso, tendo em conta o que já fez no passado, é difícil perceber o que correu mal em Flight Risk.


  • Estreia em Portugal: 23 de Janeiro de 2025

  • Elenco: Mark Wahlberg, Michelle Dockery, Topher Grace

  • Realizador: Mel Gibson

  • Duração: 1h31m


O filme nunca chega a descolar verdadeiramente, arrastando-se até ao final com um ritmo irregular e pedindo demasiada benevolência ao público para ignorar falhas gritantes no guião. A história é sobre Madolyn (Michelle Dockery), uma Marechal dos EUA que recebe a missão de transportar Winston (Topher Grace) desde o Alasca para Anchorage em segurança.

O plano corre mal quando Daryl (Mark Wahlberg), um assassino contratado, consegue assassinar o piloto da avioneta e assumir o seu lugar. As suas intenções são claras: assassinar ambos os passageiros e impedir que Winston sirva de testemunha. Apesar da secção inicial despertar interesse e convencer, quando os créditos rolaram fiquei a pensar como é que alguém olhou para o guião e achou que era credível e convincente.

Sei que, por vezes, é preciso suspender a descrença para desfrutar deste tipo de filmes, mas Flight Risk não é um desses casos. Madolyn deve ser, sem exagero, a pior Marechal do Ar de sempre. Mesmo depois de perceber que Daryl era um assassino, as suas decisões e comportamentos ao longo do filme são completamente ilógicos e incompatíveis com alguém na sua posição. Quanto mais via o filme, mais frustrado ficava.

Há pequenos momentos de comédia que ajudam a aliviar a frustração causada pelo resto do filme. As sequências de ação dentro da avioneta claustrofóbica estão bem coreografadas e conseguem transmitir alguma tensão. No entanto, apesar da curta duração de Flight Risk — apenas 1h31m —, o filme arrasta-se e parece muito mais longo do que realmente é. O guião falha redondamente em manter o interesse do espetador ao longo da narrativa.

O pouco que se salva é a prestação de Mark Wahlberg, que consegue dar vida ao seu personagem (ainda que a própria personagem não tenha grande profundidade), e de Topher Grace no papel de Winston, que acrescenta alguma substância ao filme com os seus momentos ocasionais de humor. É difícil de acreditar como um filme com nomes tão sonantes associados entrega um resultado tão aquém.

No final, Flight Risk - Voo de Alto Risco acaba por ser uma oportunidade desperdiçada. A premissa até tinha potencial, e com um elenco liderado por Mark Wahlberg e um realizador experiente como Mel Gibson, havia razões para acreditar que poderia sair daqui um thriller tenso e envolvente. No entanto, o que recebemos é um voo de segunda classe, recheado de decisões questionáveis, sobretudo a nível do guião.

Este é o símbolo para jogos, filmes ou produtos assim-assim. Têm tanto de bom como de mau. Ainda podes gostar e desfrutar deles, se estiveres disposto a ignorar certas coisas.

Veredicto

A ação, apesar de competente, não chega para compensar a falta de coerência narrativa e o ritmo irregular, tornando a experiência frustrante. Não é um desastre completo, mas também não é memorável — um daqueles filmes que se vê uma vez e se esquece rapidamente. Para um realizador com o calibre de Mel Gibson, Flight Risk fica muito aquém do esperado.

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Autor

Jorge Loureiro
Fundador da GeekinOut

O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.