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Os jogos nunca foram teus, seja em formato físico ou digital

Jogos formato físico
Crédito da imagem: Geekinout.pt

Na semana passada começou a circular uma notícia de que a Steam agora mostra uma aviso, antes de adquirires um jogo, para advertir o utilizador que na verdade está a comprar uma licença do produto para ser usado na Steam. Por outras palavras, o jogo não é realmente teu. Usufruis de uma licença e, enquanto a Steam existir, podes usar essa licença.

O aviso parece ser uma resposta da Valve a uma nova lei aprovada na Califórnia, que proíbe as marcas de enganar o consumidor e de criarem a ilusão de que têm propriedade ilimitada de um bem digital. Rapidamente, os internautas mergulharam em enormes discussões sobre as vantagens do físico sobre o digital. Como é normal neste tipo de discussões, há uma enorme confusão sobre o que é verdade ou não.

Quando compras um jogo em formato físico, compras uma licença

Efectivamente, um jogo em formato físico é na maioria das vezes o mais próximo que tens de ser "dono" do jogo, mas na verdade, estás a comprar uma licença que te dá o direito de usar aquele software. Não estás a comprar os direitos do jogo. O jogo é da companhia que o fez. O formato físico apenas garante que tens o software guardado num formato físico e que podes continuar a aceder-lhe desde que o disco continue viável (é importante recordar que este formato também tem uma validade).

Convém sublinhar que, nos dias que correm, nem sempre o físico é uma solução. Já há casos, como na Nintendo Switch, em que as caixas dos jogos apenas trazem um código de download lá dentro e não um cartucho. Nesses casos, o físico não é diferente do digital. Além disso, situações como a remoção de The Crew da biblioteca dos jogadores geram preocupação de um futuro completamente digital. O que acontece quando os servidores de jogos online encerram? Basicamente, continuas a ter a licença do jogo, embora não sirva para nada.

Queres preservar a tua biblioteca de jogos? Aposta em jogos livres de DRM

No entanto, no meio desta demonização do digital, acho importante sublinhar que há lojas digitais que operam diferente. Na GOG, quando compras um jogo, estás a comprar um jogo livre de DRM. O que significa isto? Basicamente, que não precisas da loja para nada depois da aquisição estar concluída. Por outras palavras, se a GOG deixa de existir um dia, podes continuar a usufruir do jogo que compraste. Ser livre de DRM significa que não precisas de softwares terceiros. Isso é uma clara vantagem para a preservação digital no futuro.

Embora a Steam também tenha jogos livres de DRM (podes ver a lista completa aqui), a maioria dos jogos têm DRM, ou seja, vais precisar sempre da Steam se quiseres instalar e iniciar o jogo. Se um dia a Steam acaba, então a maioria da tua biblioteca de jogos também vai à vida. Isto também é verdade nas consolas. Se PlayStation Store, Xbox Store e Nintendo eShop um dia ficam offline, deixas de ter acesso aos jogos que compraste, a não ser que os tenhas instalados no disco da consola.

Nas consolas, o formato físico continua a ser a aposta mais segura

Em Abril desde ano, a Nintendo encerrou o online e lojas digitais da Wii U e 3DS. Embora a Nintendo tenha dito que vais poder continuar a fazer download dos jogos digitais que compraste e actualizações dos mesmos no "futuro previsível", não significa que será para sempre. Este é um problema das consolas. São plataformas em que não existem jogos digitais livres de DRM; estás completamente exposto às regras de cada companhia. Portanto, nas consolas, apostar no formato físico é realmente a forma mais garantida de preservar o acesso aos jogos no futuro, mesmo que as companhias deixem de existir.

A discussão em torno da preservação dos videojogos ainda é jovem, mas é necessária; sobretudo numa realidade em que há cada vez mais jogos disponíveis apenas em formato digital. Existem várias formas de preservar a tua biblioteca digital no PC, embora os métodos nem sempre sejam legais. É por isso que plataformas como a GOG são uma mais-valia. Já nas consolas, que são plataformas fechadas e sem alternativas, os consumidores realmente estão mais expostos ao perigo de perder acesso à sua biblioteca de jogos.

Autor

Jorge Loureiro
Fundador da GeekinOut

O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.

1 Comentário

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    Sérgio Nuno Silva

    A diferença em físico é que não compras SÓ a licença. Compras caixa, disco ou cartucho, a cópia do jogo e a licença tudo em um. Ou seja o termo "jogo" como em "comprar um jogo" ou "este jogo é meu" pode aplicar-se ao conjunto das partes e as lojas podem generalizar. São aqueles asteriscos: entende-se por jogo todas as partes que constituem o produto entregue no ato de compra. I.e. não podes revender a uma loja só o disco, tem de vir na caixa com manuais e afins. E essas partes a que vulgarmente se chama "jogo" sao minhas mesmo. São minha propriedade. Se tenho no futuro onde jogar isso é outra história. Mas se tiveres uma consola onde correr esse jogo, ele vai correr. Pode não funcionar se os servidores estiverem desligados, mas corre.

    O que se passou é que a Steam estava a usar o termo "jogo" exclusivamente para "licença". Não te fornecem mais nada. A plataforma onde fazes o download e a licença é válida pode desaparecer. Mas continuas a ser dono da licença.

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      Sérgio Nuno Silva

      Isto na PlayStation e switch. Na Xbox é diferente salvo erro e precisas de uma ligação a um servidor deles pelo menos uma vez. Penso que para Xbox terão de ter esse disclaimer. Escusado será dizer que deixei de comprar jogos na Xbox, só serve para game pass.

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      Jorge Loureiro | Fearme

      Sim, quando "compras" um jogo em formato físico estás a comprar mais alguma coisa na maioria das vezes. O problema é que nas consolas não consegues extrair o software do disco. No PC, como digo no artigo, tens lojas online como a GOG em que ficas literalmente com o instalador e deixas de precisar da loja.