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Until Dawn (crítica) – o filme de terror que se esqueceu que era baseado num jogo

Until Dawn crítica ao filme
Crédito da imagem: Sony Pictures

Confesso que nunca percebi porque é que se insiste em adaptar jogos para cinema, apenas para depois ignorar por completo aquilo que os torna especiais. É como pegar num livro e filmar só o índice, ignorando o resto das páginas.

Foi exatamente isso que senti ao ver o filme de Until Dawn, baseado no aclamado jogo de terror da Supermassive Games, lançado originalmente para a PS4 em 2015 — e que, no ano passado, recebeu um remake para a PS5.

O filme chega com a promessa de homenagear uma obra marcante no género dos jogos de terror, mas acaba por fazer exatamente o oposto: recusa-se a abraçar o ADN do original, aproveitando apenas pequenos elementos da obra e misturando-os num conceito completamente diferente.


Sobre o filme de Until Dawn

  • Estreia em Portugal: 24 de Abril

  • Género: Terror

  • Duração: 1h43m

  • Realizador: David F. Sandberg


Um novo Until Dawn, sem montanha nevada, mas com ampulheta assassina

A começar pelo elenco e cenário. A clássica cabana de esqui foi substituída por uma casa misteriosa no meio de uma floresta. E as personagens que conhecíamos? Esquece. A história segue um grupo de cinco amigos à procura de pistas sobre o desaparecimento de Melanie, irmã de Clover.

Como manda a tradição no terror, rapidamente percebem que estão metidos num sarilho. A casa onde se encontram esconde uma ampulheta demoníaca, que os ressuscita e faz reviver a mesma noite vezes sem conta. A única forma de escapar? Ou sobrevivem até que o último grão de areia caia… ou perdem a sanidade e juntam-se às criaturas que habitam o local.

Apesar da história ser completamente nova, o filme ainda guarda alguns acenos ao jogo original. O Dr. Hill está de volta — interpretado mais uma vez por Peter Stormare — e também há wendigos. O assassino mascarado faz várias aparições, mas a identidade por trás da máscara não é a mesma.

Terror com toques de slasher e um final que deixa pontas soltas

Apesar de todas estas diferenças — ou talvez por causa delas — o filme acaba por funcionar. Para quem conhece bem o jogo, o distanciamento do material original torna a experiência imprevisível e, por isso mesmo, interessante.

O tom é uma mistura entre terror psicológico e slasher, com mortes tão exageradas que arrancaram gargalhadas do público no cinema. Pode soar estranho, mas funcionou: o filme tem ritmo, momentos de tensão e um ambiente sinistro que cumpre o seu papel.

O problema está no final. Muitas perguntas ficam no ar, vários elementos parecem atirados ao acaso, e o desfecho dá a entender que esta história existe apenas dentro do universo de Until Dawn, sem intenção de substituir o jogo — o que até é uma boa decisão. Mas com tantos caminhos abertos e poucas respostas, fica a sensação de que faltou coragem para abraçar por completo uma nova narrativa ou, pelo contrário, respeitar a história original.

Esta medalha serve para jogos, filmes ou produtos que, apesar de algumas falhas, elevam-se acima da média e oferecem uma experiência agradável.

Veredicto

Se fores fã do jogo, vais sentir-te dividido. Until Dawn – O Filme tem momentos interessantes, boas ideias e até funciona como filme de terror puro, mas enquanto adaptação... fica muito aquém do potencial. Ainda assim, saí do cinema entretido. Não desiludido, mas também não completamente satisfeito.

Autor

Jorge Loureiro
Fundador da GeekinOut

O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.