Confesso que apenas assisti ao primeiro "A Plataforma" há umas semanas. Era um daqueles filmes que estava perdido na lista há muito tempo. Como sabia que um segundo filme estava a caminho, falei para mim: "Vamos lá despachar isto de uma vez por todas". Tinha noção de que o filme tinha críticas positivas, mas não estava à espera de ficar tão surpreendido. Não é todos os dias que um filme consegue ter esse efeito em nós.
Se o primeiro "A Plataforma" é uma crítica ao sistema capitalista, em que os de cima comem tudo e quem está em baixo come os restos ou às vezes nada, o segundo filme é uma crítica ao comunismo. Se no primeiro filme vemos Goreng (Ivan Massagué) a passar mal fome e extremas dificuldades para sobreviver na prisão dividida por andares, no segundo tudo funciona às mil maravilhas... pelo menos no início.
Sobre a Plataforma 2 (El Hoyo 2)
Duração: 1h39m
Géneros: Terror, Sci-fi, Thriller
Realizador: Galder Gaztelu-Urrutia
Onde assistir: Netflix
Só mais adiante no segundo filme é que nos apercebemos que "A Plataforma 2", apesar do número à frente, é na realidade uma prequela do primeiro. Mostra o que aconteceu antes e como o sistema comunista, em que os prisioneiros de cada andar comiam apenas a refeição que lhes correspondia (aquela que escolheram antes de entrar para a prisão), acabou sendo descartado.
A primeira parte de "A Plataforma 2" é tão apelativa quanto o primeiro filme. Estava agarrado ao ecrã; queria saber o que ia acontecer a seguir; estava sedento de respostas que não foram respondidas. Na segunda parte, a sequela deita completamente tudo a perder. A narrativa dá uma volta para o pior e começam a acontecer coisas sem sentido. Pior ainda, quando o filme acaba, temos ainda mais questões por responder do que no anterior.
O problema aqui parece ser o mesmo que tanto afecta tantos projectos recentes. "A Plataforma 2" não consegue justificar a sua razão de existir. Se não houvesse continuação, o primeiro filme era perfeito. Com uma continuação, surge a necessidade de expandir aquele universo e de começar a responder a algumas perguntas. "A Plataforma 2" não faz nada disso. Apoia-se na fórmula introduzida anteriormente, mas já não tem a mesma sensação de frescura.
Os ingredientes do anterior estão todos aqui: vemos a condição humana despida, no seu estado mais selvagem. É um filme violento e desesperante. No entanto, a falta de um argumento melhor prega-lhe uma rasteira fatal. No final, continuamos a não perceber a razão de existência da prisão, como funciona exactamente a sua gestão, afinal porque são levadas crianças para lá, e o que realmente acontece quando alguém chega ao nível mais inferior.
Veredicto
Com enormes buracos no enredo, apesar de um elenco bem constituído e que faz um excelente trabalho do princípio ao fim, quando os créditos começaram rolar, senti que acabei de desperdiçar o meu tempo. Se gostaste do primeiro "A Plataforma", realmente não vale a pena ver "A Plataforma 2" porque acaba por estragar as conquistas do filme anterior.
Jorge Loureiro
O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.
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