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A Substância (crítica) | Um filme brilhante arruinado pelo final

A Substância Crítica
"A Substância" é um filme de terror corporal (crédito da imagem: Pris Filmes / MUBI)

Todos queremos ser jovens, desejados, bonitos, mas apesar de todos os avanços da ciência, o envelhecimento permanece uma realidade dura para todos. Podemos ir ao ginásio; ter uma alimentação saudável; cuidar da pele diariamente; tomar suplementos; fazer tratamentos estéticos.

Mesmo com isto tudo, é impossível voltar a ser jovem.

E numa era dominada por redes sociais e por inevitáveis comparações com outras pessoas, há quem esteja disposto a fazer de tudo para ficar na mó de cima. Mas, e se houvesse uma substância que tornasse possível voltar a ser jovem? Mais do que isto, voltar a ser jovem numa versão ainda melhor do que fomos? É a premissa do filme “A Substância”, que estreou hoje (31 de Outubro) nos cinemas de Portugal.


Sobre a Substância

  • Estreia em Portugal: 31 de Outubro de 2024

  • Realizadora: Coralie Fargeat

  • Género: Terror Corporal

  • Duração: 2h21m


Demi Moore representa Elisabeth, uma instrutora de fitness de Hollywood, que tem até estrela no passeio da fama, que vê o seu contrato ser terminado abruptamente porque o director acha que está velha demais. Procura agora alguém jovem, com não mais que 30 anos. Elisabeth fica devastada e desenvolve dismorfia corporal, apesar do seu incrível aspecto para a idade que carrega.

Frustrada com a situação, e como medida desesperada, Elisabeth decide aceitar um convite misterioso com a promessa de que pode voltar a ser jovem. O que podia correr mal? Neste caso, tudo e mais alguma coisa. Quando a promessa é boa demais, tem que haver algum senão. O filme é precisamente sobre as consequências que Elisabeth enfrenta, e como a sua vida se torna pior, depois de tomar este elixir do mercado negro.

A actuação de Demi Moore não podia ser melhor. Não comunica apenas com as suas falas, o seu olhar e linguagem corporal, por vezes, dizem tudo. Mexe com as nossas emoções e vamos oscilando com o filme nas suas ondas emocionais, ora pena, ora tristeza, ora raiva. Mas, na verdade, o elenco inteiro, com destaque especial para Margaret Qualley como Sue e Dennis Quaid como Harvey (o director) merece uma grande salva de palmas pela excelente caracterização das personagens que não nos deixam indiferentes.

Como filme que encaixa no género de terror corporal, “A Substância” não desilude. Quando pensamos que já vimos o pior, deixa-nos a contorcer a cara com caretas perante as cenas extremamente gráficas e nojentas no ecrã. É um crescendo, porque começa leve, com carne simplesmente a ser rasgada, até que passa para coisas inimagináveis. Embora a maioria das pessoas tenha aguentado até ao filme, vi pessoas a levantarem-se da cadeira para irem embora (nunca vi isto a acontecer).

O filme é fantástico em 80% da sua duração. A poderosa narrativa, cinematografia e prestações dos actores não salvam um final que, francamente, é exagerado e não faz grande sentido. “A Substância” não joga propriamente pelas regras do realismo, mas os minutos finais não entregam uma conclusão satisfatória para o que foi, até aquele momento, um belo pedaço da sétima arte. Vale sobretudo pela questões que coloca: será que a incessante busca de Hollywood pela beleza eterna vale a pena? Quais são as consequências? Por que razão as mulheres se sujeitam a certas coisas?

Esta medalha serve para jogos, filmes ou produtos que, apesar de algumas falhas, elevam-se acima da média e oferecem uma experiência agradável.

Veredicto

A sequência final poderia, em vez de recorrer ao exagero, oferecer algumas respostas para as questões que permanecem no ar quando os créditos começam a rolar. Nos filmes de terror nem sempre tudo tem resposta, mas este é um daqueles casos em que não saber faz-nos voltar atrás e pensar se o filme faz sentido como um todo. Parece que Coralie Fargeat, realizadora e escritora do filme, também não tinha respostas para a história que ela própria criou.

Autor

Jorge Loureiro
Fundador da GeekinOut

O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.