Amarrados (Never Let Go) crítica - Terror psicológico com falta de respostas
- por Jorge Loureiro
- 20 de setembro, 2024
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Amarrados (Never Let Go na versão original) é um filme de terror psicológico com um novo conceito.
Halle Berry assume o papel de uma mãe preocupada e lutadora, que diz aos filhos que um grande mal tomou conta do mundo. Basta um toque deste mal, que a mãe vê como demónios com língua de serpente e olhos negros, para qualquer pessoa ser contagiada pelo mal e querer matar os seus entrequeridos. O único porto seguro é casa. Velha, taciturna, e feita de madeira maciça, está perdida no meio de uma vasta floresta.
A casa não pode ser invadida pelo mal, porque foi construída com amor. Para abandonar a casa em segurança e procurar por recursos, sobretudo comida, há que estar amarrado a uma agarrada aos próprios alicerces da casa. Nunca se pode largar a corta, porque o mal está sempre à espreita. Mas... será que está? Como espectador, começamos a duvidar da sanidade mental da mental e a perguntar: será que na verdade é esquizofrénica ou sofre de qualquer tipo de doença mental que cause alucinações?
Sobre Amarrados
Estreia: 19 de Setembro de 2024
Onde assistir: Salas de Cinema
Género: Terror / Thriller
Duração: 1h 41m
Elenco: Halle Berry, Anthony B. Jenkins, William Catlett, Stephanie Lavigne, Percy Daggs IV
Esta dúvida é implementada intencionalmente pelo realizador. É assim que o terror psicológico funciona. Não é visível, mas está ali. Amarrados sabe jogar bem isto. Os filhos, Samuel e Nolan, são o instrumento para induzir a dúvida. Contrariamente à sua mãe, os miúdos nunca viram os demónios descritos pela mãe, mas vivem em pânico constante. A mãe, com uma prestação convincente de Halle Berry, fá-los crer que faz tudo parte do grande mal, que quer engana-los e fazê-los acreditar que não existe para que larguem a corda e possa imediatamente atacar.
O filme transmite para o espectador a vida miserável que esta família monoparental vive. Têm pequenas alegrias, como escutar um gira discos e brincar com o cão de estimação Coda, mas durante o dia é um sofrimento para encontrar alimentos. Comem insectos e tudo o que aparecer para não morrerem de fome. As roupas são velhas e desgastadas. E à medida que os recursos vão ficando escassos, vemos o desespero e miséria pintados na cara de Halle Berry e dos seus filhos. Novamente, começamos a pensar se os demónios realmente existem... e se o grande mal é na verdade metafórico.
A maior parte do filme é um build-up para a sequência final, em que tudo dá para o torto. Como sempre, a minha política é não revelar spoilers desnecessários. Por um lado, gostei do conceito introduzido pelo filme. É fresco, diferente dos demais filmes de terror que recorrem às mesmas estratégias e formatos. Por outro, apesar de não ser um filme tão longo como se tornou habitual nos dias de hoje, é um pouco monótono de mais e não usa eficientemente o tempo. Quando os créditos rolam, existem demasiadas perguntas por responder.
Veredicto
"Amarrados" é um filme que vai dividir opiniões. Como positivo, temos uma premissa original e uma atuação exemplar de Halle Berry. A atmosfera opressiva e a ambientação claustrofóbica em redor da velha casa e floresta contribuem para uma experiência cinematográfica intensa. Como negativo, o ritmo irregular e a falta de respostas podem deixar frustração e sensação de perda de tempo. A ambiguidade é típica no terror psicológico, mas aqui pareceu-me excessiva e pouco eficaz.
Jorge Loureiro
O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.
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