Astro Bot review | Diversão e criatividade ao máximo

Astro’s Playroom, o jogo gratuito incluído em todas as consolas PlayStation 5, tornou-se numa das maiores surpresas desta geração de consolas. Quatro anos depois, a Team Asobi está de volta com uma sequela paga que procura expandir e levar a novos patamares todas as qualidades do jogo anterior. Eu já tinha adorado Astro’s Playroom, e com Astro Bot terminado, posso garantir que a sequela é melhor em todos os aspectos.

O maior trunfo de Astro’s Playroom era a forma como usava as funcionalidades do Dualsense para quebrar a barreira imposta pelo ecrã e fazer-nos sentir as mesmas sensações que Astro, o pequeno robot que se tornou na mascote da PS5. Se Astro estava num foguetão, então o Dualsense vibrava loucamente e sentíamos os gatilhos a tremer. Se a textura do solo era rugosa, o feedback háptico do Dualsense passava subtis trepidações para criar essa ilusão. Em ocasiões, até podíamos soprar para o micro incorporado no Dualsense para fazer rodar ventoinhas no jogo.

No novo jogo, a Team Asobi leva a integração do Dualsense na jogabilidade ainda mais longe. Há novas e divertidas mecânicas que fazem de Astro Bot não só numa celebração da PS5, como da história completa da PlayStation. Não é à toa que o jogo chega em 2024, ano em que a marca se prepara para celebrar o seu 30º aniversário. Astro Bot é uma gigantesca celebração que vai deixar qualquer fã de PlayStation com um sorriso rasgado de orelha a orelha.

Sobre Astro Bot

• Género: Plataformas e Aventura

• Data de lançamento: 6 de Setembro

• Produtora: Team Asobi

• Editora: PlayStation

• Preço: 69,99 euros

• Plataformas: PS5

Jogabilidade

É uma evolução do que já conhecemos em Astro’s Playroom. O pequeno e simpático robot consegue saltar, ficar a pairar momentaneamente no ar com uns lasers que emite dos pés, golpear e fazer um ataque rotativo (se ficares a pressionar o botão de ataque). Os controlos estão afinados à perfeição como deve ser num jogo de plataformas.

A grande diferença de Astro Bot em relação ao jogo anterior são os upgrades que Astro ganha mediante o nível e que transformam a jogabilidade. Há um nível inspirado em God of War em que Kratos empresta o seu machado Leviathan ao Astro. É incrível como a jogabilidade muda radicalmente de um momento para o outro, e passa a ser semelhante à de God of War. Podemos atirar o machado e acertar em alvos ao longe, congelar inimigos e fontes de água, enquanto percorremos um nível que é um grande tributo ao trabalho da Sony Santa Monica, desde a música, design dos inimigos, resolução dos puzzles e até aos colecionáveis.

Astro Kratos! (Imagem via captura in-game)

Noutro nível genial, Astro ganha a habilidade de esticar e encolher quando quer, ficando do tamanho de um pequeno rato. Quando encolhes, o nível ganha outra dimensão. Fissuras na parede, que antes passavam despercebidas, são agora plataformas para o Astro miniatura. Seja qual for o nível, a criatividade da Team Asobi surpreende sempre de formas que não estás à espera. Apesar de ser um pouco curto (falo sobre isso mais adiante), a jogabilidade auto renova-se uma e outra vez até ao final. Quando achas que já viste tudo, o jogo transforma-se e até troca de género.

Não podia deixar de elogiar também como a Team Assobi aproveitou ao máximo todos os momentos do jogo para aumentar a interactividade com o jogador. Quando encontras uma das peças perdidas para a nave-mãe (a PS5), não ficas a ver uma cinemática da peça a encaixar na consola… nada disso… com controlos por movimento do Dualsense e os seus vários botões precisas de limpar a peça, apertar parafusos, e fazer encaixes. Na palavra Videojogo, Astro leva ao máximo a palavra jogo. Excluindo o jogo anterior, não tenho memória de ter jogado algo que desafia tanto os moldes tradicionais deste meio de entretenimento.

História

É uma história simples, mas que abre alas para a Team Asobi prestar homenagem às muitas personagens do universo PlayStation. A nave-mãe (literalmente, uma PS5 com propulsores) despenhou-se e alguém malvado espalhou os seus vários componentes em diferentes galáxias. Estes componentes são as partes vitais da consola, como o SSD e CPU, e cabe a Astro explorar cada galáxia, dividida normalmente em cinco ou seis níveis, para devolver os componentes. Encontrar outros Astro Bots é vital para progredir no jogo. O último nível de cada galáxia (onde encontras um componente da consola) só fica disponível se tiveres encontrado um número específico de Astro Bots. Portanto, é um jogo muito focado em encontrar colecionáveis em cada nível. Para além dos Astro Bots, cada nível tem 3 peças de puzzle escondidas. Estas peças são usadas depois para compor uma gravura no planeta central, que funciona de HUB. Neste planeta podes alterar o esquema de cores do Dualsense voador que usas como transporte, entre outras coisas que prestam tributo à história da PlayStation.

O vilão de Astro Bot a segurar no CPU da PS5 (imagem via captura in-game)

Som

A banda sonora e o design de som de Astro Bot são elementos-chave para a experiência de jogo e que complementam na perfeição as restantes partes. As músicas acompanham na perfeição o que se está a passar no ecrã, potenciando a emoção durante as sequências mais intensas e criando momentos relaxantes nos momentos mais calmos. Os efeitos sonoros têm um efeito semelhante às texturas, dando feedback de todo o tipo de material envolta e enriquecendo a interactividade.

Gráficos

Astro Bot é uma verdadeira festa para os olhos, com uma palete de cores vibrantes e níveis que explodem em criatividade. A cada novo mundo, somos presenteados com uma estética única e cheia de detalhes, que nos transporta para universos fantásticos e memoráveis. A ausência de realismo dá lugar a uma liberdade artística que se manifesta em texturas ricas e variadas, convidando-nos a explorar cada canto desses cenários com a curiosidade de uma criança. A sensação de imersão é tanta que quase podemos sentir a suavidade da relva, a fofura da neve, a frieza dos metais, e o calor da lava. No desempenho, não há falhas a apontar. Não reparei em erros gráficos - como texturas a piscar ou a demoras a carregar - nem em quedas da fluidez. A Team Asobi poliu tanto o jogo que o deixou a brilhar. Todo o trabalho feito pelo departamento de animação também merece elogios pela forma engraçada como Astro se mexe e reage a cada momento.

O jogo tem vários momentos ideais para tirar fotos (imagem via captura in-game)

Longevidade

Apesar da Team Asobi ter dito que Astro Bot duraria entre 12 a 15 horas, a verdade é que consegui terminar em apenas 5 horas. Não fiz tudo o que havia para fazer, aliás, a informação no HUB da consola é que tenho 41% do jogo completado. As 5 horas são referentes ao tempo desde início do jogo até derrotar o boss final e rolarem os créditos. O jogo tem vários níveis extra e opcionais, bem como uma grande quantidade de itens colecionáveis. Não considero a longevidade de Astro Bot má, diverti-me imenso com o jogo e fiquei com vontade de completar a 100% (o que hoje em dia é raro para mim). Mas se estás à procura de um jogo maior, investe os 69,99 euros noutro lado e/ou espera por uma promoção de Astro Bot.

Astro Bot Prós e Contras