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Borderlands review | Uma trapalhada desinteressante

Análise ao filme borderlands
Imagem via Lionsgate

Ainda me lembro quando foi lançado o primeiro Borderlands, no já longínquo ano de 2009. Ninguém esperava, nem a Gearbox Software, muito menos a 2K Games, que se tornasse num grande sucesso. Mas a verdade é que acabou por vender mais de 5 milhões de unidades, um resultado difícil de atingir para uma nova propriedade intelectual.

15 anos depois, aqui estamos com uma adaptação de $120 milhões para o cinema. O mundo dá muitas voltas. Na volta actual, os videojogos, que lideram a indústria do entretenimento, são vistos como material cheio de potencial para adaptações na próxima década. Se o filme de Borderlands, realizado por Eli Roth, é um sinal do que está para vir em futuras adaptações, então a coisa não vai correr bem.


Sobre o filme Borderlands

  • Realizador: Eli Roth

  • Estreia: 8 de Agosto de 2024

  • Géneros: Acção / Comédia

  • Duração: 1h40m


Seria de esperar que Hollywood já tivesse aprendido umas lições com umas quantas adaptações desastrosas de videojogos ao longo dos anos. O filme de Borderlands é uma grande salgalhada que, apesar de ir beber ao material fonte, mistura tudo, altera a história de origem das várias personagens, e acaba por ser um filme desinteressante tanto para fãs do jogo, como para quem não conhece a propriedade. Portanto, não agrada nem a gregos nem a troianos.

Com um elenco luxuoso liderado por Cate Blanchett e Kevin Hart, inicialmente faz um trabalho convincente para apresentar o mundo de Borderlands. Introduz o planeta de Pandora, conta a lenda do Vault, e como os Vault Hunters andam há anos à procura da entrada escondida. Não tarda para que o filme se comece a desviar do material fonte. Tiny Tina (Ariana Greenlatt), uma das personagens mais adoradas do jogo, é convertida na filha do vilão Deukalian Atlas, CEO da fabricante de armas Atlas, uma personagem fabricada de propósito para o filme.

Com um vilão tão carismático como Handsome Jack ao seu dispor, ultrapassa-me por que razão o realizador, produtores e até mesmo a Gearbox e 2K Games, que supervisionaram tudo, acharam bem criar um vilão que nem existe no jogo. Cate Blanchett como Lillith faz um trabalho convincente para dar graça ao seu papel, mas é outro exemplo de uma personagem alterada pelo filme. Com o seu humor juvenil, e com a voz do talentoso Jack Black, Claptrap é a única personagem que permanece fiel ao que conhecemos do jogo.

Mas o problema do filme não é desrespeitar o material fonte. É desrespeitar o material fonte e falhar em criar uma história apelativa. Admito que soltei algumas gargalhadas com umas linhas de Tiny Tina e Claptrap, mas no final já não queria saber do destino de qualquer personagem. Apesar de várias cenas de acção, o filme não consegue criar um perigo palpável para as personagens envolvidas. Estão todas protegidas pelo famoso “plot armor”. Tudo se torna inconsequente e trivial. As próprias cenas de acção são desencadeadas de uma forma que se torna demasiado óbvia, como se existissem apenas para “encher chouriços” e para as personagens soltarem umas frases engraçadas.

Este é o símbolo para jogos, filmes ou produtos assim-assim. Têm tanto de bom como de mau. Ainda podes gostar e desfrutar deles, se estiveres disposto a ignorar certas coisas.

Veredicto

Com 1h40m de duração, o filme de Borderlands pareceu-me mais longo que outros filmes maiores. Um ponto positivo a salientar é que visualmente o filme está fiel ao universo em que está inserido. Nem todas as piadas acertam, mas o humor juvenil que tanto caracteriza o jogo também está aqui presente. Quem gosta dos jogos vai encontrar aqui pequenas coisas para desfrutar, mas muitas coisas para odiar. Gostaria de ver os videojogos a triunfar no cinema, mas infelizmente, não posso dizer que esta é uma adaptação bem conseguida. Vale a pena o preço do bilhete? Acho que é melhor esperar para ver em casa.

Autor

Jorge Loureiro
Fundador da GeekinOut

O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.