Kingdom Come Deliverance 2: anti-woke tentam cancelar o jogo e levam "bofetada" do diretor
- por Jorge Loureiro
- 20 de janeiro, 2025
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Os adeptos do discurso anti-woke e anti-DEI encontraram um novo alvo para atacar: Kingdom Come Deliverance 2.
A sequela da Warhorse Studios está a ser alvo de ataques em redes sociais, fóruns e até na Steam, depois de uma notícia viral revelar que o jogo inclui uma cena de sexo homossexual e foi banido na Arábia Saudita como consequência (a notícia é falsa, já agora).
Rapidamente, Kingdom Come: Deliverance 2 foi rotulado como mais um título "woke" com inclusão forçada. Diante da polémica, Daniel Vávra – cofundador da Warhorse e principal responsável pela saga – decidiu responder diretamente às acusações.
Numa série de publicações no X, Daniel Vávra esclarece que:
Não há cutscenes intransponíveis nos nossos jogos. Quem disser o contrário nunca os jogou.
Não estamos nem nunca estivemos banidos em nenhum país – pelo menos que saibamos.
Apesar de não gostar de "diversidade forçada", ninguém nos obrigou a fazer nada, e nós também não obrigamos ninguém a nada.
Havia personagens gays no primeiro KCD.
Kingdom Come: Deliverance é um RPG, e as decisões são da responsabilidade do jogador. Se quiser que Henry tenha um romance homossexual, pode fazê-lo. Se não quiser, não tem de o fazer. Todos os relacionamentos são (e eram no primeiro jogo) puramente opcionais. As personagens estão plenamente cientes de que tal era considerado um pecado proibido na época.
O jogo decorre numa das cidades mais ricas da Europa, cercada por um exército estrangeiro maciço. Isso explica porque a vida na cidade é mais diversa do que nas aldeias do primeiro jogo.
Musa chegou à Boémia com um exército invasor, como membro da corte do rei Sigismundo, que conheceu devido à sua ligação com a corte do sultão Bayezid. É um nobre educado e um homem do Renascimento do Reino do Mali.
Ao mesmo tempo, Musa é uma figura invulgar para o povo local, e muitas das situações em torno dele no jogo derivam disso. A sua presença faz sentido e gera momentos interessantes. A forma como fala e age tem uma razão de ser.
Tudo no jogo corresponde à moral e às normas sociais da Boémia de 1403. Está lá para contar uma história interessante, não para agradar a uma “audiência moderna”.
Não queremos que KCD seja usado como isco para polémicas por pessoas que ainda nem o jogaram. Infelizmente, algumas delas transformaram-se exatamente naquilo contra o qual dizem lutar. A quantidade de ódio é triste e acabará por prejudicar qualquer causa associada a ele.
Kingdom Come Deliverance 2 é apenas mais um jogo que se encontrou na mira de um discurso conservador que tem vindo a ganhar força na indústria dos videojogos, acusando os produtores, estúdios e editoras de arruinarem os jogos com inclusão e representatividade forçada.
Previamente, Dragon Age: The Veilguard também foi alvo deste discurso.
Jorge Loureiro
O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.
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