Kraven: O Caçador (crítica) - Será que a Sony finalmente acertou?
- por Jorge Loureiro
- 11 de dezembro, 2024
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Kraven: O Caçador é o sexto filme integrado no Spider-Man Universe da Sony Pictures. O primeiro filme que iniciou este universo partilhado, composto por diversas personagens das bandas desenhadas do Homem-Aranha, foi Venom (2018). Desde então, seguiram-se vários outros filmes, como Morbius (2022), Madame Web (2024), e mais recentemente, Venom: A Última Dança (2024). Este conceito de um universo partilhado é claramente inspirado no que a Marvel está a fazer há mais de uma década, no entanto, como a Sony Pictures só tem os direitos cinemáticos de Spider-Man, a sua liberdade criativa está, desde logo, limitada.
Estes filmes existem à parte do entusiasmante Universo Cinemático da Marvel e – isto não é segredo – têm tido dificuldade em captar a atenção dos fãs, particularmente depois da péssima recepção de Morbius e Madame Web (a trilogia de Venom foi melhor recebida e teve melhores resultados). Acredito, no entanto, que devemos dar uma oportunidade às coisas e não julgá-las de antemão. Por isso, esta semana desloquei-me à antestreia de Kraven: O Caçador que decorreu no Norte Shopping. Será que vale a pena assistir ao filme? Será que respeita as origens da personagem? Vamos lá então responder.
Sobre Kraven: O Caçador
Estreia em Portugal: 12 de Dezembro de 2024
Título original: Kraven The Hunter
Realizador: J.C. Chandor
Duração: 2h07m
Kraven: vilão ou anti-herói?
Se acompanhaste os desenhos animados ou bandas desenhadas, então sabes que Kraven é um vilão introduzido nos quadradinhos de Spider-Man. Kraven é um caçador com poderes sobre-humanos que adora caçar e está sempre à procura de um desafio que coloque as suas habilidades à prova. No entanto, na versão da personagem que temos no filme, Kraven claramente está inserido na categoria de anti-heróis – pessoas com super poderes cuja bússola moral oscila entre actos bons e actos maus. No filme, não adora caçar, prefere conviver e respeitar os animais, uma mudança que certamente foi feita para não chocar as audiências modernas, mais conscientes e pouco tolerantes ao sofrimento dos animais. No filme da Sony Pictures, quem adora caçar é o pai de Kraven, que obriga os seus dois filhos a caçar para provarem a sua masculinidade e perderem o medo.
A história de origem mostrada em Kraven: O Caçador, apesar de aproveitar vários elementos, é substancialmente diferente do que temos nas bandas desenhadas. Portanto, se és daqueles fãs puristas que acha que o material fonte tem que ser respeitado, então não vais gostar do filme porque, no fundo, Kraven é uma personagem completamente diferente. É difícil imaginar a versão de Kraven que temos neste filme a perseguir e a combater contra Spider-Man, porque não consigo imaginar qual seria o seu motivo. Apesar de vermos o lado selvagem e violento de Kraven em várias cenas, ultimamente a adaptação da Sony Pictures quer passar a imagem de good guy. Isto é obviamente um problema, porque Kraven é um vilão.
Kraven: O Caçador é um mau filme?
Tendo em conta as limitações óbvias que já citei no início, Kraven: O Caçador funciona razoavelmente como um filme isolado e vai entreter que gosta de filmes de super-heróis, se estiveres disposto a fazer algumas concessões. O filme explica os problemas familiares de Sergei Kravinoff (aka Kraven), a fricção com o seu pai Nikolai, onde ganhou os seus poderes, e como a sua missão de vida se tornou caçar pessoas más com grande influência, sobretudo traficantes de armas e caçadores furtivos.
Com Kraven a assumir o papel principal e de herói no filme, os vilões que acaba a enfrentar pertencem também ao universo de Spider-Man. O filme coloca Alessandro Nivola como Aleksei Sytsevich (Rhino). Novamente, a versão da personagem que temos no filme é, também, diferente da sua história de origem nas bandas desenhadas. Menos conhecido é a personagem The Foreigner, retratada no filme por Christopher Abbott, um mercenário e assassino com poderes hipnóticos.
Apesar das adaptações significativas feitas à história e à personalidade de Kraven, o filme consegue criar um enredo coeso que funciona como uma experiência cinematográfica isolada. Aaron Taylor-Johnson entrega uma interpretação sólida e convincente como Sergei Kravinoff (Kraven), mostrando as várias facetas da personagem. A melhor prestação vem do experiente Russell Crowe, com desempenho intenso como Nikolai Kravinoff, que captura o caráter imponente e autoritário do pai de Kraven.
Veredicto
No entanto, o filme tropeçou logo na sua concepção, ao tentar mudar a essência de Kraven como vilão. Esta escolha criativa não só enfraquece a narrativa para os fãs das bandas desenhadas, como creio que torna o filme inviável para um universo onde Spider-Man existe. Fora isto, a implementação de CGI em várias cenas podia ser melhor. Nota-se perfeitamente a artificialidade dos vários animais que surgem ao longo do filme. As cenas de acção e combate estão bem concebidas e transmitem o lado feroz e brutal de Kraven. Este é garantidamente um filme que vai dividir opiniões. Porém, se procuras um filme de ação ligeiro, sem grandes expectativas de fidelidade ao material original, há escolhas bem piores.
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Jorge Loureiro
O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.
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