Minishoot Adventures é aquele tipo de jogo que em conceito soa estranho, mas que na prática resulta surpreendentemente bem.
Desenvolvido no Unity por uma equipa de apenas dois produtores, Minishoot Adventures é um jogo inspirado nos primeiros The Legend of Zelda, mas com uma reviravolta: não és Link e não tens a Master Sword; és uma nave que desliza pelos cenários e disparas contra as outras naves. Como disse… soa estranho, mas joga-se que é uma maravilha.
A jogabilidade está tão polida que basta dar uns toques nos controlos para nos sentirmos confortáveis. É fácil de jogar, mas devido à sua vertente de bullet hell, há momentos que podem ser desafiantes. Não que isso represente propriamente uma barreira que impeça alguém de experimentar: podes escolher diferentes níveis de dificuldades. Por aqui escolhemos o nível intermédio, mas existem três níveis:
Explorer Mode (fácil)
Original Mode (normal)
Advanced Mode (difícil)
Narrativamente, é um jogo leve. A história encaixa no design aventureiro e na dicotomia bem e mal. Quando a tua nave “acorda”, sabes que o Unchosen voltou juntamente com os seus minions. Destruiu a tua aldeia e agora tens que lutar para salvar os teus amigos, presos em cristais corrompidos.
Disparando e desviando-te dos tiros das naves adversárias, vais desbravando o mapa, um pedacinho de cada vez. Inicialmente, estás limitado nas zonas que podes alcançar. Tens que progredir numa estrutura pré-definida pelos produtores para desbloquear os poderes e upgrades que te permitem ultrapassar alguns obstáculos. Depois, já tens liberdade para explorar melhor o mapa e secções opcionais.
Se calhar é o efeito nostálgico a pesar em mim, mas existe uma atmosfera mágica em torno de Minishoot Adventures. Apesar da simplicidade, está repleto de pequenos segredos. A exploração é sempre recompensada, seja em upgrades para a quantidade de corações (saúde), itens que garantem novas habilidades activas ou passivas, ou em recursos que nos permitem visitar o hub no centro do mapa e implementar melhorias na nossa nave.
Estas melhorias vão tornando a jogabilidade em algo ainda melhor. Há uma habilidade de dash que permite esquivar melhor dos muitos tiros de outras naves e outra habilidade que abranda momentaneamente o tempo. Como a jogabilidade é tão prazerosa, e como a exploração é sempre recompensada, é um jogo difícil de largar… até mesmo quando perdemos várias vezes seguidas numa secção mais complicada.
Em termos de conteúdo, é um jogo abastado para o preço de 14,99 euros. Cheguei ao final da parte principal com quase 9 horas registadas no Steam. Explorei bastante, mas sei que deixei coisas para trás. Aliás, depois dos créditos, aparece uma mensagem que deixa claro que há mais coisas para fazer. Vontade não falta para continuar a explorar.
Visualmente é um jogo agradável, que usa a sua linha estética de uma forma eficaz para fazer sobressair a jogabilidade. Distinguir entre objectos, inimigos e obstáculos é fácil, o que é importante para um jogo deste género, afinal, o ecrã pode ficar cheio com a quantidade de adversários e projécteis ao mesmo tempo. A palete de cores é variada, com cada zona do mapa a ter claramente uma temática diferente. A banda sonora também está bem conseguida, sempre bem emparelhada com o sentimento do momento.
PRÓS
Um belo tributo a The Legend of Zelda
Interessante combinação de géneros diferentes
Jogabilidade apelativa e fácil de entender
Direcção estética simples, mas bonita
Exploração gratificante
Conteúdos extra
CONTRAS
Não há mapas das dungeons interiores, o que no final dificulta encontrar todos os segredos e itens
Veredicto
Minishoot Adventures é até agora uma das surpresas mais agradáveis de 2024. É perfeito para fãs de The Legend of Zelda e outros jogos semelhantes, que queiram uma aventura gratificante, embrulhada com uma jogabilidade viciante, acompanhadas por um design brilhante.
Jorge Loureiro
O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.
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