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Smile 2 (crítica) | Maior produção, mas menos surpreendente

Smile 2 review
Crítica ao filme de terror "Smile 2" (crédito da imagem: Paramount Pictures)

Sorria, pois está possuído por um demónio!

Tenho que confessar que adoro como o primeiro “Smile” conseguiu pegar num símbolo consolidado de felicidade e bem-estar, o acto de sorrir, e convertê-lo em algo perturbador e maquiavélico. Nos filmes de terror, os sorrisos só costumam aparecer no início, para depois contrastar com os gritos e pânico da sequência final.

Em “Smile”, o sorriso é o clímax. E quanto mais rasgado, mais assustador e macabro. Bem… neste momento já deves ter percebido que gostei do primeiro filme. Não há como esconder que foi uma bela surpresa e, por isso, ascendeu facilmente ao pódio dos melhores filmes de terror de 2022.


Sobre Smile 2

  • Data de estreia: 17 de Outubro de 2024

  • Realizador: Parker Finn

  • Duração: 2h07m

  • Género: Terror

  • Onde ver: Cinemas


Não é todos os dias que há novos conceitos no género de terror, e ainda que “Smile” não tenha reinventado a roda, foi refrescante, diferente e imaginativo o suficiente para se destacar dos demais num meio altamente saturado em que os elementos clássicos – espíritos, fantasmas, vampiros, lobisomens, zombies, demónios – já foram explorados até ao tutano.

Dois anos depois, eis que surge o segundo filme. “Smile 2” chegou esta semana às salas de cinema de Portugal. Como sempre, a questão mais pertinente é esta: será que vale a pena assistir e gastar dinheiro no bilhete? Para ser brutalmente honesto, não fiquei convencido com o filme.

Maior produção, mas menos frescura

Acho que isto resume bem “Smile 2”. Se olharmos para a qualidade da produção, subiu um patamar em relação ao primeiro filme. Visualmente, é um filme impressionante, até porque desta vez a história é sobre uma celebridade do mundo da música. Naomi Scott é Skye Riley, uma cantora mundialmente reconhecida que, depois de um desastre automóvel em que perdeu o seu namorado, está prestes a iniciar uma digressão mundial.

O filme acompanha de perto o quotidiano de Skye, e por isso enquanto espectadores podemos ver elaboradas coreografias e práticas em gigantes palcos de concertos com belos efeitos de iluminação. Nestas partes, “Smile 2” até se parece o “A Star is Born” de Lady Gaga. Mas claro, na verdade é um filme de terror e mostra como a vida de Skye Riley se transforma num inferno quando a arrepiante identidade sorridente infecta o seu cérebro.

Gostei do conceito do filme. E tenho que dizer que Naomi Scott enquanto Skye Riley carrega o filme às costas, porque na verdade, as restantes partes não conseguem ter o mesmo apelo. A construção da narrativa é quase uma fotocópia do primeiro filme e não deixa, por isso, margem para surpresas. Só houve uma vez em que realmente fui apanhado desprevenido e saltei da cadeira com um susto. Fora isso, a maioria das sequências de terror são previsíveis porque “Smile 2” usa uma fórmula tão parecida com a do filme anterior.

Não há surpresas

Com mais de duas horas de duração, o filme arrasta-se um pouco. Havia margem para explorar a origem da identidade sorridente, algo que fica completamente de fora. No final, ficamos a saber o mesmo que já sabíamos do primeiro filme. Esta continuação limita-se a mostrar a descida de Skye Riley à loucura. É basicamente uma repetição do filme anterior, mas com uma nova personagem que por acaso é uma cantora famosa. O contexto é diferente, mas a sensação de déjà-vu é constante ao longo do filme. Por um lado, é compreensível que uma sequela tenha menos margem para surpreender do que o filme original. Mas por outro, parece que os criadores não tinham algo novo para mostrar e que “Smile” 2 apenas existe porque o anterior foi um sucesso para a Paramount Pictures.

Esta medalha serve para jogos, filmes ou produtos que, apesar de algumas falhas, elevam-se acima da média e oferecem uma experiência agradável.

Veredicto

"Smile 2" não é um mau filme. Com o sucesso do original, nota-se que claramente houve ambição para aumentar a qualidade da produção e entregar um filme com cinematografia requintada. Dito isto, falha em ter a mesma originalidade e impacto do seu antecessor. A premissa intrigante é ofuscada por uma narrativa repetitiva e previsível, o que resulta numa experiência que, embora visualmente impressionante, não tem a mesma frescura que fez de "Smile" um destaque em 2022. Portanto, se viste o primeiro filme, não entres na sala de cinema à espera de ser surpreendido.

Autor

Jorge Loureiro
Fundador da GeekinOut

O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.