A saga Venom da Sony Pictures é a prova que existe uma dissonância entre o que os críticos dizem e o que o público realmente quer. Se fosse pelos críticos, a saga estava morta e enterrada com primeiro filme "Venom" (2018). Mas, com receitas globais superiores a $856 milhões, alguém pode culpar o estúdio por apostar numa sequela (que teve receitas superiores a $506 milhões) e, agora, num terceiro filme? Eu faria o mesmo.
Venom: A Última Dança estreia hoje nos cinemas de Portugal. Já como o nome sugere, é o último filme da trilogia... ou pelo menos, esse é o plano da Sony Pictures. Como sabemos, as coisas mudam. Hugh Jackman disse múltiplas vezes que era a última vez que interpretava Wolverine, e ainda assim, continuou a regressar ao papel. Como Deadpool & Wolverine prova, os fãs não estão cansados e querem mais. Por isso, nunca se sabe.
Nas últimas semanas, revi os filmes anteriores para me preparar para esta última dança. Posso dizer com confiança que se gostaste de ambos, também vais gostar de Venom: A Última Dança. O filme tem a mesma essência, o mesmo estilo de humor e também uma narrativa que pouco desenvolvida. Na melhor das hipóteses, este terceiro capítulo pode ser catalogado como um filme pipoqueiro.
Sobre Venom: A Última Dança
Estreia em Portugal: 24 de Outubro de 2024
Título original: Venom: The Last Dance
Realizador: Kelly Marcel
Duração: 1h49m
Tenho que admitir que, ao início, fiquei surpreendido. O filme começa com uma simples apresentação de Knull como um novo e poderoso vilão. Tendo em conta a complexa história deste vilão, que antecede o próprio universo, a exposição é simples e eficaz, compreensível para qualquer pessoa que não tenha lido as bandas desenhadas. O problema está no resto. Sim, há vários problemas neste filme.
O argumento do filme é limitado por várias razões. Uma delas é que tenta enfiar demasiadas coisas num só filme, resultando em cenas que acontecem demasiado de pressa. A outra limitação é que o filme passa um tempo exagerado a mostrar Eddie Brock (Tom Hardy) a desfrutar de uma road trip pelos Estados Unidos. Ou seja, o filme quer fazer demasiado e ao mesmo tempo perde tempo com cenas que não avançam a narrativa.
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Pegar em Knull foi uma boa ideia. Não foi explorado ainda pelo Universo Cinemático da Marvel e figura como uma personagem temível, mais poderoso do que Thanos ou Kang. No entanto, acaba por ser outra desilusão. Não quero revelar spoilers, mas também não quero que ninguém se sinta defraudado, portanto, vou limitar-me a dizer isto: embora no papel Knull seja o principal vilão do filme, não tem um papel activo.
O filme tem piada? Sim, ri-me algumas vezes. É impossível não fazê-lo se gostas deste mundo de ficção e fantasia A dinâmica entre Eddie Brock e Venom é, novamente, o ponto mais forte do filme. Também é engraçado ver como os poderes de Venom se expandem, como a cena em que toma conta de um cavalo e corre pelo cenário a uma velocidade surreal (há mais cenas deste estilo, mas não vou estragar a surpresa).
Tendo em conta as limitações do Venom-verse que a Sony criou (em que está separado do MCU, apesar daquela cena extra que ligou os filmes ao Spider-Verse), Venom: The Last Dance até faz um bom trabalho em espremer um limão com pouco sumo. Porque é isso que este terceiro filme tenta fazer. Espremer as últimas gotas de uma saga que já nasceu com óbvias limitações.
Veredicto
O filme começa bem, com uma bela e simples exposição de Knull, um novo vilão que quer destruir tudo e todos. Depois passa o resto do tempo com cenas demasiado longas e desinteressantes, a arrastar-se sofrivelmente até ao confronto final em que, finalmente, temos alguma acção. Mas essa acção não é propriamente a melhor, atormentada por coisas que não têm lógica, tudo em nome do espectáculo em que nem um cérebro desligado consegue apreciar aquilo. Eu sei que, às vezes, é o tipo de filme que as pessoas procuram, algo pouco complexo para relaxar e comer umas pipocas, mas no final do dia, a realidade é que Venom: A Última Dança é um filme com um fraco argumento, que tenta fazer omeletes sem ovos. É fixe se quiseres ver o Venom a cantar Space Oddity de David Bowie ou a dançar ao som dos Abba.
Jorge Loureiro
O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.
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