A tua plataforma para te manteres a par do que se passa no mundo do gaming, mas não só. Não percas as nossas notícias, reviews, artigos de opinião, e também dicas de fitness para te manteres forte e saudável. Vive melhor, joga melhor.

Rise of the Ronin review - combate brutal, mundo aberto trivial

Rise of the Ronin review
Créditos da imagem: PlayStation

Com 33 horas investidas em Rise of the Ronin, a melhor forma de descrever a mais recente obra da Team Ninja é: um jogo que quer fazer tudo, mas que acaba por não dominar quase nada.

O que é Rise of the Ronin?

Rise of the Ronin é um jogo de acção em mundo aberto, que decorre no Japão no Século XIX, durante os anos finais período Edo. Neste época, o Japão estava fechado ao resto do mundo, mas por influências externas e discordâncias políticas, é despoletada um guerra entre várias facções para assumir o controlo do país.

  • Data de Lançamento: 22 de Março

  • Estúdio: Team Ninja

  • Preço: 79,99 euros

  • Plataformas: PS5

A Team Ninja criou uma história baseada em factos e personagens reais, mas também com ficção à mistura. É aí que entra a nossa personagem, que faz parte de uma dupla de“lâminas gémeas” que treinaram desde infância para se tornarem em samurais mortíferos. As duas personagens são criadas pelo jogador, mas na esmagadora maioria do jogo, só vais controlar uma delas porque acabam por se tornar rivais.

A história de Rise of the Ronin é boa?

Os ingredientes são bons e quem adora o Japão e a sua história, principalmente a cultura dos samurais, tem aqui algo interessante. Dito isto, o desenrolar da narrativa é manco. O início é cativante, mas depois o fulgor perde-se por falta de foco narrativo, mas também porque são introduzidas tantas personagens tão rapidamente que, francamente, cheguei a um momento em que tinha dificuldade em perceber quem era quem, e quem estava do lado de quem.

Nos menus, podes encontrar uma cronologia dos eventos à medida que acontecem, bem como uma descrição das personagens que vais encontrando, de forma a que possas avivar a memória. Apesar de ter consultado esta ajuda, acabava sempre por ficar confuso porque há personagens que são parecidas visualmente.

Como um Ronin, ao longo da história tens a liberdade para tomar decisões e apoiar facções que alteram o desenrolar dos eventos até certo ponto. No entanto, o jogo não consegue colocar um “peso” palpável nas tuas decisões ou na rivalidade entre facções. Podes completar uma missão para uma facção e a seguir entrar casualmente no quartel general da facção rival e dar presentes às personagens para melhorares a tua relação com elas. É estranho, ok?

A maioria das missões é apresentada de uma forma crua, com diálogos entre as personagens q ue falham em incutir a real necessidade de fazermos o que nos estão a pedir. Por isso, senti-me cada vez menos interessado na história. Pelo lado positivo, há imensas personagens badass que vais conhecer. O jogo é definitivamente melhor quando estamos com o comando na mão a combater, do que a ver o desenrolar da história e a assistir a diálogos desenxabidos.

O combate é a melhor parte de Rise of the Ronin

Tinha que ser a melhor parte, não era? A Team Ninja é uma especialista de longa data em jogos de acção e isso naturalmente traduz-se numa jogabilidade fenomenal para Rise of the Ronin. Antes de mais, se ainda estás a jogar ou vais jogar Rise of the Ronin, faz um favor a ti próprio e escolhe o modo de desempenho nas definições para teres 60 FPS estáveis. É absolutamente necessário, tendo em conta o sistema de parry counterspark.

Em Rise of the Ronin tens um botão para te defenderes activamente, mas o pilar central do combate é o sistema de counterspark – o equivalente a um parry. O counterspark é activado ao carregares no Triângulo no momento certo. Há adversários em que isto é mais fácil, outros requerem reflexos apurados e cronometragem no ponto. Fazer counterspark com sucesso é a forma mais eficaz de deixar o adversário aberto a ataques e de reduzir a sua barra de stamina.

A parte difícil do combate de Rise of the Ronin é gerir também a tua barra de stamina. Se a esgotares completamente (o que vai acontecer se começares a carregar descontroladamente no botão de ataque), ficas cansado e aberto momentaneamente a ataques. O sistema de combate premeia a calma, precisão e habilidade. Mas não te assustes. Embora tenha momentos desafiantes, não é um Dark Souls, ainda que peça emprestadas algumas mecânicas, como a perda de experiência quando morres (podes recuperar essa XP revisitando o adversário que te derrotou).

Diferente de Dark Souls, Rise of the Ronin tem as seguintes vantagens:

  • Podes escolher níveis de dificuldade

  • As missões e zonas têm nível pré-definido, por isso podes grindar até ficares mais forte

  • Na maioria das missões és acompanhado por NPCs (também podes pedir a ajuda de outros jogadores) que podes fortalecer e que ajudam bastante (a IA às vezes é estúpida, mas pronto).

O sistema de combate de Rise of the Ronin é vasto. Tens vários tipos de armas e estilos, sendo que há estilos que são fortes contra outros estilos e fracos contra outros. A tua afinidade com um certo estilo aumenta quanto mais o usares. Podes treinar em dojos contra oponentes e receber recompensas. Tens quatro árvores de habilidades (e mais uma depois do final) para evoluir. E a armadura e restante equipamento também influenciam muito a forma de jogar mais eficazmente. Fora isto, não estás limitado a usar lâminas, tens pistolas, arcos, shurikens, espingardas e até um lança-chamas.

Dentro deste estilo de jogabilidade, Rise of the Ronin leva o prémio. É difícil de dominar, mas assim que começas a interiorizar tudo, dá imenso prazer combater e derrotar adversários. O jogo também ter uma abordagem sorrateira (stealth). Há inimigos que podem ser derrotados desta forma com um só golpe, mas nos mais fortes não é suficiente para derrotá-los imediatamente. É uma forma vantajosa de jogar, mas a IA deixa bastante a desejar. Até dá vontade rir.

Rise of the Ronin Flag

Quanto tempo dura Rise of the Ronin

É um jogo enorme. Demorei 33 horas para chegar ao final da história principal, mas não fui em linha recta, explorei consideravelmente os mapas. Dito isto, fui perdendo a vontade de explorar porque Rise of the Ronin tem uma estrutura altamente repetitiva de exploração. Todas as regiões do mapa têm as mesmas coisas para fazer. Há demasiados coleccionáveis, como encontrar gatos, tirar fotografias e encontrar baús escondidos. A minha vontade dissipou-se sobretudo quando descobri que há mais do que um mapa. Na verdade, Rise of the Ronin tem 3 mapas em mundo aberto (vais trocando de mapa no desenrolar da história, mas é possível voltar atrás). Portanto, é um jogo grande, mas apenas vais gostar desse aspecto se não te importares com tarefas altamente repetitivas e andar a “limpar o mapa”.

Rise of the Ronin Character menu

A questão dos gráficos e qualidade visual

Nesta questão, é um jogo mediano. Não parece um jogo desenhado de raiz para a PlayStation 5. Há zonas melhores, mas a maioria são pobres visualmente. O problema não é apenas dos gráficos, é a direcção estética. Apesar de haver 3 mapas, parecem todos os iguais. O mesmo vale para as muitas vilas que vamos encontrando. Não há elementos visuais distintivos. Adicionalmente, tem problemas técnicos de colisão. Fiquei várias vezes preso entre objectos.

Prós

  • Combate fenomenal, desafiante e que dá gosto

  • Mistura de história real com alguma ficção

  • Possibilidades de personalização e evolução

  • Muito conteúdo para explorar

  • Acessibilidade na escolha de dificuldades

Contras

  • A maioria das actividades é repetitiva

  • O desenrolar da história podia ser melhor

  • Há bosses exagerados (com habilidades quase sobrenaturais)

  • Tem demasiadas coisas, muitas delas por aperfeiçoar

Esta medalha serve para jogos, filmes ou produtos que, apesar de algumas falhas, elevam-se acima da média e oferecem uma experiência agradável.

Veredicto

Rise of the Ronin é um jogo que vale a pena sobretudo pelo seu sistema de combate e evolução da personagem. Se este é o aspecto que mais valorizas num jogo, a balança inclina-se para o lado positivo. Como um jogo em mundo aberto, é repetitivo e monótono. Simplesmente replica a cansativa fórmula da Ubisoft com alguns twists. A narrativa tem partes interessantes, mas a entrega fica longe do ideal. Acho que o jogo melhora depois do final, porque abre-se a parte do endgame com uma nova opção de dificuldade que te permite ganhar equipamento ainda melhor repetindo as missões anteriores. Como fica mais focado na jogabilidade e podes passar livremente as cinemáticas sem a culpa de não perceberes a história, Rise of the Ronin fica assim voltado para o que realmente interessa e para o que tem de bom.

Autor

Jorge Loureiro
Fundador da GeekinOut

O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.