Horizon Zero Dawn Remastered análise | Um filtro do Instagram ou algo mais?

A remasterização de Horizon: Zero Dawn é uma das apostas mais despropositadas dos últimos tempos da PlayStation. Uma clara amostra da falta de criatividade que paira, no geral, sob a indústria dos videojogos. Embora remakes ou remasterizações de jogos que envelheceram mal façam sentido – e temos tido vários exemplos com recuperações de sucesso – Horizon Zero Dawn não é um desses casos.

Horizon Zero Dawn ainda é um jogo impressionante para os padrões actuais. E se o problema são os 30 FPS que limitavam o jogo na PS4, existe uma actualização gratuita que permite jogar a 60 FPS na PS5. Portanto, qual o propósito desta remasterização? Existem duas respostas que me vêm à cabeça.

A primeira: a Guerrilla Games quis actualizar o seu jogo com a tecnologia mais recente, mostrando a versão renovada do Decima, o motor de Horizon (e de Death Stranding, caso não saibas). Quanto à segunda resposta: é aproveitar o forte catálogo ainda existente na PS4, dar-lhe um retoques visuais e mais eye candy, e lançá-lo na PS5 para entreter os jogadores enquanto o próximo jogo da saga não chega.

Não podemos condenar a PlayStation por esta forma de atacar o mercado sem atacar outras empresas que fizeram o mesmo. Já disse isto várias vezes, mas volto a sublinhar: a Nintendo relançou o catálogo inteiro da Wii U para a Nintendo Switch, mas aí nem existia a opção de fazer upgrade. No caso de Horizon Zero Dawn Remastered, a verdade é que só custa 10 euros para quem já tenha a versão original.

Sobre Horizon: Zero Dawn Remastered

• Preço: 49,99€ (9,99€ para quem tem a versão original)

• Data de lançamento: 31 de Outubro de 2024

• Produtora: Nixxes / Guerrilla Games

• Versão testada: PS5

• Versões: PS5 e PC

Há diferenças visíveis ao olho nu?

Apesar de achar que seria melhor apostar recursos em fazer jogos novos, tenho que analisar Horizon: Zero Dawn Remastered por aquilo que é. E como uma remasterização de um jogo que já era extraordinário visualmente e tecnicamente, há algumas diferenças que saltam imediatamente à vista.

Sem olhar para comparações directas entre a versão antiga e a nova versão, a que mais me chamou a atenção foi a palete de cores mais vibrante da versão remasterizada. Horizon: Zero Dawn tinha um aspecto em que parecia que o sol estava pôr-se no horizonte, deixando tudo com uma cor laranja ou acastanhado. A versão remasterizada altera isso, adicionando um novo sistema de iluminação global que dá mais variedade aos momentos do dia e altera radicalmente a palete de cores. Tenho que admitir que isto dá ao jogo um aspecto mais natural.

(Imagem capturada por Geekinout.pt)

Nas sequências cinemáticas, também dá para reparar o trabalho adicional de 10 horas que foi realizado em cenas captura, bem como as refinações implementadas nos modelos das personagens. As expressões faciais nas conversas estão mais expressivas, mais humanas, o que ajuda a fortalecer a nossa ligação com elas. As personagens aproximam-se mais de humanos do que na versão original. Esta diferença nota-se de imediato em personagens como Rost e Erend. Na versão original, mexiam os lábios e pouco mais. Na versão remasterizada, vemos mais expressividade no resto da cara.

Na atenção ao detalhe gráfico, Horizon: Zero Dawn Remastered tenta aproximar-se do que foi feito em Forbidden West. A geometria da vegetação (que existe em abundância pelo mapa inteiro) está melhor, as texturas exibem mais detalhe, e até as nuvens foram alteradas para elevar o nível de realismo que Zero Dawn oferece nesta nova versão. Estas são diferenças que, apesar de existirem, tens que procurar por elas para reparar. A jogar normalmente, a verdade é que não vão saltar imediatamente à vista como as outras diferenças que referi nos parágrafos anteriores.

Há 3 modos de desempenho para escolher

Uma das novidades de Horizon: Zero Dawn Remastered é que te deixa escolher o modo de desempenho, algo que não existe na versão original, nem mesmo depois da atualização para a PS5. Em resumo, eis o que cada modo oferece:

• Modo Desempenho - Alvo de 60 FPS, com resolução nativa abaixo de 1800p

• Modo Resolução - Alvo de 4K nativo, com os FPS a descerem para 30

• Modo Equilibrado - Um equilíbrio entre resolução e desempenho, alvo de 40 FPS (recomendado para TVs e Monitores com VRR)

Joguei a primeira hora no modo de resolução, mas não beneficia a jogabilidade e acabei por trocar para o modo de desempenho. Apesar de haver uma queda na resolução nativa, a verdade é que tive uma enorme dificuldade em reparar em diferenças visuais. O anti-aliasing do jogo e o upscale da PS5 fazem um excelente trabalho a esconder os compromissos. No que toca a quebras de fluidez, o trabalho na Nixxes e Guerrilla Games é irrepreensível. O desempenho é perfeito, sem soluços, que é o que se quer.

Falta dizer que Horizon: Zero Dawn Remastered inclui também as várias opções de acessibilidade e controlos personalizáveis que foram introduzidas em Forbidden West. É um pormenor que passa despercebido à maioria das pessoas, mas que é importante.

Vale a pena o upgrade?

Se tens intenção de voltar a repetir o jogo, gastar 9,99€ para obter as diversas melhorias visuais e gráficas que Horizon: Zero Dawn Remastered não é um mau negócio para desfrutares de um jogo mais bonito. Na jogabilidade, não vais reparar em diferenças porque elas não existem. No resto do jogo também não. Portanto, esta remasterização é especialmente recomendada a quem gosta de apreciar a qualidade visual dos jogos. Nesse quesito, a versão remasterizada oferece bastante valor. No resto, Horizon: Zero Dawn continua a ser um jogo que continua a figurar entre as melhores experiências de mundo aberto disponíveis no ecossistema da PlayStation.