Próximo Natal, à Mesma Hora? (crítica) | O filme natalício da Netflix

Ainda falta mais de um mês para o Natal, mas a máquina capitalista para aproveitar ao máximo esta época começa a trabalhar muito antes. As montras já começam a ter os enfeites típicos da época, as cidades começam a montar as luzes pelas várias ruas, vemos anúncios com mais frequência a brinquedos e a música "All I Want for Christmas Is You" de Mariah Carey soma mais uns milhões de visualizações.

A Netflix também já está preparada para o Natal de 2024. Estreou na semana passada o filme "Próximo Natal, à Mesma Hora?" (título original: Meet Me Next Christmas), uma comédia romântica que junta todos os ingredientes que um filme de Natal deve ter: esperança, milagres, amor e um final feliz. Será que vale a pena o tempo? Será que substitui o clássico "Love Actually" como o derradeiro filme de amor natalício? Nem por isso. Vamos ser honestos: este não é um filme para concorrer aos Óscares; é um filme para deixar o espectador a sentir-se bem, relaxado e rir-se um pouco com algumas cenas. Por vezes, consegue ter o efeito pretendido, mas isso não salva o guião péssimo e irrealista que conduz a história. No geral, conceito do filme é engraçado e original, mas parece que ninguém pensou a fundo em algumas questões.

Sobre Próximo Natal, à Mesma Hora?

• Realizador: Rusty Cundieff

• Género: Comédia / Romance

• Duração: 1h45m

• Onde ver: Netflix

Tudo está centrado em Layla (Christina Milian), que depois de apanhar o seu namorado a traí-la em flagrante, rompe com ele mesmo antes do Natal. Decide então tentar encontrar o sedutor James (Kofi Siriboe), que conheceu no Natal anterior no aeroporto quando o seu voo ficou atrasado devido à neve. Como estava comprometida quando conheceu James, Layla acabou por não trocar contactos com ele quando o conheceu (alimentando o estereótipo de que pessoas do sexo oposto não podem ser amigas quando estão em relações amorosas). Ficou acordado que se estivesse solteira, iam encontrar-se no concerto natalício dos Pentatonix em Nova Iorque. Avançado um ano, o problema é que Layla não comprou bilhetes para o concerto, porque o seu namorado, com o qual acabou, preferiu ir ver outra banda. Os bilhetes para o concerto dos Pentatonix já estão esgotados. E agora? Desesperada, Layla contrata um serviço especializado para comprar bilhetes. É assim que conhece Teddy (Devale Ellis), que para não perder o seu emprego, está disposto a fazer tudo para ajudar Layla a arranjar um bilhete para o concerto.

A obsessão de Layla para encontrar James torna-se, francamente, assustadora, roçando um comportamento de uma stalker. Acredita que é o amor da sua vida, apesar de só ter conversado com ele algumas horas no aeroporto. Além disso, mesmo que consiga o bilhete para o concerto, qual é a garantia que vai encontrá-lo no meio de uma multidão? Não seria mais fácil esperar à porta (sem necessidade do bilhete) para ver quem está a entrar para o concerto? Não seria mais fácil contratar um serviço especializado para encontrar James e as suas redes sociais, do que andar desesperada por Nova Iorque à procura de um bilhete para um concerto esgotado? Neste tipo de filmes às vezes há que fazer algumas concessões para desfrutar deles, mas o argumento de "Próximo Natal, à Mesma Hora?" é fraquíssimo. Só porque é um filme de Natal, não significa que temos de atirar a lógica pela janela fora.

O desfecho do filme torna-se rapidamente previsível, mas aproveitam-se algumas cenas engraçadas que nos enchem o coração com o espírito natalício. Layla (Christina Milian) e Teddy (Devale Ellis) fazem uma boa dupla e, no geral, representam bem as suas personagens. O filme também conta com a presença da banda real Pentatonix, cujas músicas ajudam a fortalecer o espírito natalício que o filme quer criar. Curiosamente, a banda também acaba por se envolver nesta louca aventura de Layla para encontrar um bilhete para concerto e ficar junta com o seu grande amor perdido. Apesar de grande parte do guião não fazer sentido, as mensagens que o filme tenta entregar são calorosas e apropriadas para o género.